Ao receber nesta sexta-feira o novo embaixador do Uruguai na Santa Sé, Mario Juan Bosco Cayota Zappettini, o Papa Bento XVI pediu à nação sul-americana proteger e promover a família pelo bem da sociedade.

"Em sua trajetória histórica –disse o Pontífice– o Uruguai foi assumindo os ideais cristãos de justiça e de paz. Em seu seio convivem pacificamente e com mútuo respeito diversas concepções do homem e seu destino, sem que isso menospreze a avaliação sincera e real pela dimensão religiosa e, em particular, pela missão da Igreja".

"Os valores mais altos, arraigados no coração das pessoas e na malha social –prosseguiu o Santo Padre– são como a alma dos povos, que os faz fortes na adversidade, generosos na colaboração leal e iludidos na construção de um futuro melhor e cheio de vida, em que todos sem exceção tenham a oportunidade de desenvolver a plena dignidade do ser humano".

Referindo-se indiretamente às pressões para legalizar o aborto no país, Bento XVI assinalou que "se vêem com preocupação algumas tendências que tratam de limitar o valor inviolável da vida humana mesma, ou de dissociar a de seu ambiente natural, como é o amor humano no matrimônio e a família. A Igreja promove certamente uma ‘cultura da vida’, generosa e criadora de esperança, e não só por motivos estritamente confessionais".

"Fomentar a família, ajudá-la a cumprir seus encargos indispensáveis é ganhar também coesão social e, sobretudo, respeitar seus próprios direitos, que não podem ser dissipados diante de outras formas de união que pretendessem usurpá-los", acrescentou.

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Globalização

O Papa falou depois do "vasto problema da pobreza e a marginalização", que representa "um desafio premente para os governantes e responsáveis pelas instituições públicas", e se referiu às novas possibilidades e também novos riscos", lançados pela globalização, que devem ser enfrentados "no concerto mais amplo das Nações".

A globalização é "uma oportunidade para ir tecendo como uma rede de compreensão e solidariedade entre os povos, sem reduzir tudo a intercâmbios meramente mercantis ou pragmáticos, e em que tenham capacidade também os problemas humanos de cada lugar e, em particular, dos emigrantes forçados a deixar sua terra em busca de melhores condições de vida, o que às vezes comporta graves seqüelas no âmbito pessoal, familiar e social", acrescentou o Papa.

Bento XVI assinalou em seguida que a Igreja, que considera a caridade como uma "dimensão essencial de seu ser e sua missão, desenvolve de maneira abnegada uma valiosa atenção aos necessitados de qualquer condição ou proveniência, e colabora nesta tarefa com as diversas entidades e instituições públicas com o fim de que a ninguém em busca de apoio lhe falte uma mão amiga que ajude a superar sua dificuldade".

"Para isso, oferece seus recursos pessoais e materiais, mas principalmente a proximidade humana que trata de socorrer a pobreza mais triste, a solidão e o abandono, sabendo que o amor, em sua pureza e gratuidade, é o melhor testemunho do Deus em que acreditam e que nos impulsiona a amar", concluiu.